"Não fique calado"

Não fique calado

  Certo dia, uma bela jovem de cabelos loiros, olhos azuis, pele clara e magra, foi passear na companhia do seu amigo fiel, o Bobby, um cão pequeno, de pelo acastanhado, muito brincalhão e inteligente. Ambos, antes de chegarem ao parque da cidade, passaram por um rio de água limpa qu espelhava o rosto da bela menina.

  Mal entraram no parque, a Ricarda comprou um gelado de morango com pepitas de chocolate e essência de baunilha. O gelado soube-lhe muito bem, pois o dia estava muito quente. O que era muito bom!

  De repente, a Ricarda ouviu o choro de uma criança. Curiosa e preocupada, aproximou-se calmamente e perguntou-lhe:

 - Está tudo bem contigo?

  A criança, a chorar, respondeu que tinha medo de estar em lugares onde houvesse muitas pessoas.

  A jovem, vendo-a assim, levou-a para um sítio mais calmo e comprou-lhe um gelado.

  Entretanto, a Ricarda quis conhecer melhor a menina. Sorridente, perguntou-lhe como se chamava.

 - Eu chamo-me Carlota, tenho sete anos e perdi-me dos meus pais.

 - Ão, ão, ão, ão...

 - O que foi, Bobby? - perguntou a Ricarda.

  De repente, viu uma ferida, em sangue vivo, no joelho da Carlota e surpreendida perguntou-lhe como é que aquilo lhe tinha acontecido. Ela, com lágrimas a caírem-lhe do rosto explicou:

 - Fugi de casa.

 - Como? Se disseste que te tinhas perdido dos teus pais.

 - Eu menti-te porque não queria que ninguém soubesse que sou vítima de violência por parte da minha família.

  As duas, por um momento, ficaram em silêncio.

  “Não sei se fiz bem em contar a verdade”, pensou a Carlota.

  Então a Ricarda tentou convencê-la a fazer queixa à polícia.

  A Carlota, assustada, disse:

  - Não!

  - Por que razão?

  - Tenho medo que os meus pais me matem!

  - Estás comigo, estás com Deus! A partir de agora estás em segurança.

  A Carlota, mais tranquila, concordou, era melhor fazer queixa à polícia.

  Na esquadra foram atendidas por um polícia que era vizinho da Carlota, o qual, surpreso, lhes perguntou o que estavam ali a fazer. Então, a Ricarda explicou tudo o que estava a acontecer com a Carlota.

  O polícia, incrédulo com o que ouviria, decidiu chamar os pais da mesma e inquiri-los para obter mais informações.

  Durante o interrogatório, os pais desmentiram a versão apresentada pela menina e acrescentaram que era tudo mimo e invenção da filha. Por isso a Carlota foi aconselhada a ir para casa com os pais.

  Mas o polícia, ficando desconfiado, prometeu a si mesmo que iria estar mais atento ao que se passava na casa ao lado.

  Pôs-se então, numa certa manhã, mais atento, e ouviu gritos e vidros a partir. Intrigado, bateu à porta dos vizinhos, mas ninguém a abriu.

  Decidiu chamar os colegas que estavam de serviço naquele dia.

  Passado um quarto de hora, os agentes da polícia chegaram, e os gritos continuaram a ouvir-se. Bateram novamente à porta e o silêncio deu lugar aos gritos aterrorizantes da Carlota. Como ninguém abrira a porta, o chefe da polícia arrombou-a e deparou-se coma a menina banhada em lágrimas e muito assustada. Os pais foram imediatamente algemados e conduzidos para a esquadra. A polícia viu o cartão de cidadão do pai da menina e descobriu que o mesmo tinha cadastro criminal.

  A menina foi institucionalizada e os pais ficaram presos por decisão do tribunal.

  Os pais da Ricarda, quando souberam da situação, foram buscá-la e meio ano depois adotaram-na e trataram-na como uma filha.

  A Ricarda, muito feliz por ter a Carlota em casa, preparou uma grande festa com os seus amigos. Divertiram-se imenso.

  Esta história foi baseada em factos reais e criada com intenção de sensibilizar os leitores a não praticarem violência doméstica e denunciarem, se tiverem conhecimento de algum caso idêntico.

Texto coletivo do 7º C

Fotografias: pormenores do trabalho realizado pelo Jardim de Infância de Vilarinho para “Campanha Laço Azul”