“Já chega de computador” - Tiago Silva

“Já chega de computador”
Após umas férias inesperadas, recomeçamos amanhã o 2.º período, agora com aulas à distância, tal como acontecera o ano passado, mas apenas num momento mais avançado do ano. Esta pode ser uma boa solução se adotada por um reduzido período de tempo, pois, ainda que não tenha nada a ver com estar na sala a uns metros do professor, é possível avançar na matéria e, num ponto de vista teórico, ao mesmo ritmo das aulas presenciais. No meu caso, sendo aluno do 12.º, é onde este método melhor, ou talvez menos mal, funciona, pois temos pouco tempo de aulas quando comparado ao básico ou até mesmo a alguns casos do secundário; já esses alunos que na escola têm aulas o dia inteiro com intervalos curtíssimos vão agora passar o dia todo à frente do computador sem colegas ao lado, seja durante a aula ou no “intervalo”, o que pode parecer benéfico, dado que reduz as distrações, mas o que realmente faz é com que a partir das primeiras aulas já não possam ouvir mais nenhum professor seja de que disciplina for. Estamos a falar de crianças, não de adultos em teletrabalho, que precisam de brincar e de se mexer para se desenvolverem, e aqui é o ponto em que os alunos do ensino primário mais sofrem, pois num tempo em que cada vez menos brincam, sendo sugados pelos telemóveis, somos obrigados a dizer-lhes “vai para o computador assistir à aula”. E e pôr um aluno do básico à frente do computador todo o dia vai completamente contra a sua essência, libertar toda a energia que tem dentro de si, e que com certeza influencia o seu normal desenvolvimento, podendo até os pais correr o risco de o filho lhes perguntar se pode ir jogar à bola e não no telemóvel, fenómeno raro hoje em dia.
Mas claro que este método não é exequível a médio ou longo, pois além de ensinar é preciso avaliar, o que na prática não é possível, dado que fazer testes online é tão ridículo como fazê-los para 27 valores, mas a cotação ser de 0 a 20! Esperem, não foi isso que fizeram nos exames do ano passado!?
Sendo assim, tentam-se arranjar opções alternativas aos testes, mas apresentando todas um grau de eficácia muito reduzido. Por isso, ou este período de aulas à distância é curto, aproveitando para lecionar matéria, sendo esta posteriormente avaliada presencialmente, ou então, não podendo ser os alunos prejudicados por estar em casa, beneficiam-se, levando à inflação das notas, nunca inferiores às reais, tornando subitamente a maioria dos alunos excelentes e os restantes muito bons, subindo as médias internas em todo o país e caso os exames tenham, à semelhança do ano passado, mais de 20 valores acho que ainda vamos ver candidaturas com média de 21.
Tiago Silva (07/02)